O futuro incerto do ser-jovem constitucional: pessoa, cidadão, trabalhador

Autor: Luiz Roberto Alves*

Como humanos, inteligentes, não podemos superar os limites da linguagem coletiva que formou a nossa cultura. Mas sabemos que não inovaremos nada na direção do futuro sem nova linguagem. O lugar social chamado educação é o que mais exige novos sentidos de linguagem, pois opera com seres em forte mudança, da criança ao jovem. A nova linguagem sinalizará a forja de novos sentidos conquistados à vida em construção. A educação solicita linguagens de fronteira nas artes, nas gestões, nas ciências e desdobramentos tecnológicos. Fronteira, curiosidade e ousadia.

O futuro da educação da juventude em nosso país é tão incerto quanto a democracia brasileira. Os estudos de história narram que ela tem um núcleo histórico-cultural brilhante, que é a diversidade étnico-social. No entanto, em todo o tempo esse núcleo diverso é tornado invisível pelo furor da uniformização, do mau conceito de ordem, dos mitos da “verdade religiosa” (muito distantes da leitura de mundo e palavra da Bíblia!) e de uma organização jurídica enfraquecida em princípios e farta de contingências políticas.
Os sinais da incerteza são flagrantes. Se cinco meninos pardos se juntarem, tem grande chance de não voltarem à casa vivos, o que caracteriza um filicídio, por via de regra impune; uma malfadada MP do ensino médio, que navega nas águas da PEC 241, sugere direitos ao estudante e mal consegue esconder uma “base nacional comum” de classe social, pois o seu futuro breve mostrará seu fundamento: fazer a educação e a escola menos custosas para estados e municípios e, certamente, mais pobres na garantia de bens culturais e direitos; a linguagem empobrecida, apequenada, por isso arrogante, do rádio e da televisão – que nega sentidos e valores do pensamento fundante de Edgar Roquette-Pinto – não somente faz concessões aos jargões como assume o xingamento, o palavreado torpe também presente na família, na festa, na tribuna e nas comunidades. Faltam mil sinais. Basta pensá-los e memorizá-los. Eles existem

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Quem educa para o ser-pessoa, o ser-cidadão e o ser-trabalhador de 1988? A uniformização social e a ordem-unida sugerem que cada um se vire. Não há valores e não importam as condutas. Xinguemos, matemos, ordenemos, imponhamos, o vale-tudo. Este, no entanto, é o jargão comum, que nada cria, nem mantem o que já fora criado e era bom. Então, qual seria a linguagem de fronteira para o novo/inovador em educação?
Não é difícil, mas complexa. Pede-se permissão para citar, neste pequeno texto, somente Hannah Arendt e Edgar Morin, que nos sugerem possibilidades. A primeira, que nos perguntemos se realmente amamos as novas gerações (além dos nossos filhos!). Sendo sim a resposta, cabe construir uma sólida conexão de linguagem e gestos com os que crescem, ter boca pequena e ouvidos grandes, bem como transformar essa conexão/oitiva em políticas públicas e comuns muito bem estabelecidas, com a máxima representação de educadores, educandos e escolas.
Lembrar que política não é programa, nem plano. É mais. E visto que a meninada nasce cheia de obrigações, é importante destacar direitos, os únicos que forjam deveres. Morin lembra que na sociedade contemporânea quase nada é somente disciplinar, nada mais é simples, nada mais é somente jargão. Somos crescentemente complexos e diversos. Assumamos ser menos faladores, julgadores e ditadores de coisas e mais pesquisadores, investigadores, buscadores no universo do multi e do inter. Um tempo de conexões inteligentes.
Eis a possibilidade de educar. No entanto, nosso país não está organizado para educar. Basta que bandidos matem um menino, uma menina, de qualquer cor, isto é, seres da diversidade, o núcleo bom e belo do país, para acabar desandando, simbolicamente, a nossa capacidade de educar. O símbolo não é a funcionalidade. Basta, também, que a menor das escolas seja vítima de preconceito e da falsa compaixão diante dos rankings escolares lustrosos e custosos para, outra vez, simbolizar o nosso despreparo social para educar. Idem para supostos programas educacionais impostos.

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A Constituição e seus desdobramentos legais afirmam que a sociedade deve educar para a condição de pessoa, de cidadão e de trabalhador, na diversidade do tempo e do espaço, com máximo respeito ao processo educacional, determinante de resultados. Ninguém será trabalhador sem ser pessoa e cidadão. Poderá, sim, ser escravo de alguns senhores. Também não há um ser educado que seja exemplo uniformizador. Pensar assim implica a morte da educação, que é direito dos diferentes. Ressalte-se que a tarefa complexa serve bem a uma sociedade inteligente e diversa como a nossa. Por isso, exige a redenção do ser diverso que foi levado a desigual e então refugado na pobreza econômico-financeira e na ausência de direitos.
Já há adoráveis exceções espalhadas pelo país, sinais de possibilidades. Melhor dizer, práticas viáveis, sustentadas na inteligência e na ousadia. Não são modelos, nem exemplos (não estamos buscando nova linguagem?). São fenômenos que estimulam a pensar, argumentar, transpor, experimentar, escolher, julgar, fazer. Haveria algo melhor na vida e no mundo que educar? No princípio, Deus aprendeu e se educou ao ver a beleza do criado. Charles Darwin também, ao captar as experiências da vida. Educar-se educa.

*Membro do Comitê Executivo da Cátedra Gestão de Cidades. Professor e pesquisador junto ao Programa de Pós-Graduação em Administração – FAE/Metodista. Professor e pesquisador aposentado da Escola de Comunicações e Artes da USP. Livre-Docente em Políticas Públicas de Comunicação e Educação pela ECA-USP. Autor de livros e artigos sobre educação, cultura, comunicação e gestão de políticas. Secretário de Educação e Cultura dos municípios de São Bernardo do Campo e Mauá (1989-1992 e 2001-2003). Assessor de movimentos sociais na área metropolitana para temas de educação, cultura e comunicação social.

Quando não se tem agenda só se pode seguir em frente

Autor: João Gremmelmaier Candido*

A crise institucional que o Brasil atravessa faz pensar que a destituição da presidenta, como conclamava as elites midiáticas e econômicas se resolveria em um piscar de olhos assim que o vice-presidente interino assumisse a presidência de vez. Ou, ao menos, isso é que se fez acreditar no discurso para que o impeachment fosse propagado pelo país única saída institucional possível.

A falha de discurso foi (e continua sendo) na falta de uma solução concreta para a crise institucional e econômica. Os planos-discursos que foram vendidos continuam no plano-discurso. Desde o início da crise brasileira (e, por que não, o que a motivou também) os governantes têm falhado em apresentar uma agenda de soluções concretas, com datas e ações planejadas, com orçamento e responsáveis, para resolver as situações que se apresentam.

No plano político já passou o tempo de convocar-se um plebiscito para consulta sobre a vontade de se realizar a tão necessária Reforma Política, tida em todos os meios sérios (jornalísticos, acadêmicos, familiares, rodas de samba, esquinas, metros, bancos de praça) como única solução para que possamos enfim rever a forma de se fazer política (e políticos profissionais).

No plano econômico já passou o tempo de decidir se o Brasil é ou não um país de commodities ou se está na hora de efetivamente realizarmos investimentos públicos e privados em busca da tão sonhada tecnologia nacional que nos permita competir internacionalmente com produtos que contenham valor agregado.

No plano institucional já passou o tempo de entender que o coletivo é feito por minorias tanto quanto por maiorias e que um não é maior que o outro, mas que um é sim mais fraco e precisa ser protegido do outro, logo, ser sim institucionalmente protegido e incentivado da forma como for possível.

Estamos diante de um evento potencialmente calamitoso para as cidades, onde as Eleições municipais de 2016 tem potencial para consolidar e construir políticas públicas de integração social e solidária ou de enterrar o brasileiro um contra o outro na lama a depender do que este eleja como seu representante para as prefeituras e vereanças dos 5.570 municípios. É um pensamento de esperança e confiança no bom-senso até a última hora. Sigamos. E sigamos atrás de uma Constituinte para a Reforma Política. E sigamos atrás das agendas que não são postas. E sigamos atrás da luta que começa agora. E sigamos.

*Membro do Comitê Executivo da Cátedra Gestão de Cidades, Mestre em Administração (UMESP – Universidade Metodista de São Paulo), especialista em Educação (UMESP), graduado em Administração com ênfase em finanças e marketing (Centro Universitário Fundação Santo André) e professor em Educação a Distância na Universidade Metodista de São Paulo. Também é professor no curso de Especialização MPA – Master in Public Administration, da UMESP.

A saída não é pela esquerda e nem pela direita. É por BAIXO!

Autor: João Gremmelmaier*

No domingo, 12 de junho de 2016, fez-se um mês de um novo momento para a história política do Brasil. Na segunda, 13 de junho de 2013 fez 3 anos da noite mais violenta dos protestos  dos movimentos de junho de 2013. Cabe, ao fim destes 30 dias de governo interino e desses 3 anos de pedidos por mudanças, uma reflexão (dentre várias possíveis) sobre os rumos democráticos que estão sendo tomados, apesar de nós.

A mais óbvia e mais importante e urgente diz respeito à democracia brasileira como instituição. O momento vivenciado faz refletir que é possível que existam dois conceitos de instituições democráticas: um, universal, com regras, entendimentos, ordenamentos, hierarquias, funcionalidades, distribuições, separações e todas as características que definem o que são instituições e outro, brasileiro, com regras e funcionamentos próprios.

A falha institucional brasileira fica evidenciada pela composição disforme e plutocrática do Congresso e do Senado Federal. Afirmar que ambos representam 204 milhões de brasileiros é uma leviandade.

Assim, à mercê de 81 senadores e 513 deputados federais, além dos deputados estaduais, vereadores, governadores, prefeitos e o próprio cargo de presidente, estamos presos em um sistema democrático representativo que não representa o “demos”. Para saber, o sistema representativo vem mostrando sua falência há tempos, não apenas no Brasil e na América do Sul, mas em todas as partes do mundo. Essa falência se evidencia pela perpetuação no comando das forças políticas de instituições políticas profissionalizadas (os partidos), entranhados na relação simbiótica de dependência financeira e cessão de influência e poder que já não é possível separar nada de coisa alguma.

Movimentos importantes de mudança se dão a partir do avanço do pensamento em direção de uma cessão de poder e influência político-partidária de volta ao “demos”, através dos mecanismos de inserção popular e participação nas decisões de gestão orçamentária e deliberativa, transparência e accountability das ações e decisões. A dificuldade dessas experiências está na escala – elas estão concentradas, em sua grande maioria, em experiências municipais. Como escalonar para as UFs e para a União?

Mas porque parar na participação?

Muitos pensadores têm entendido e concordado que o avanço das teorias democráticas faz sentido a partir de mais participação popular e menos influência político-partidária. Mais poder de decisão e deliberação ao povo e mais coordenação e regulamentação aos políticos. Carole Pateman, Iris M. Young, James Fishkin e Leonardo Avritzer são exemplos de pensadores que refletem uma democracia bottom-up. Vale a leitura de todos[1].

Mas volta a pergunta: como escalonar? Parte da solução passa, necessariamente, pelas Tecnologias de Informação e Comunicações (TICs) e por Manuel Castells. A complexidade de gerenciar as cidades, os estados e as nações atuais, sem mencionar as empresas estatais é de tal escala que a tecnologia precisa ser usada a favor do governo e do povo. Uma das propostas deste texto é pensar amplamente no uso das TICs em todo seu potencial. Fóruns virtuais moderados e abertos para a discussão de temas polêmicos e necessários – em substituição às audiências públicas locais. Uso das mídias sociais para ampliação do debate e divulgação dos temas de interesse. Ferramentas de identificação e autenticação dos cidadãos e dos eleitores, dinamizando as votações – em eleições gerais e ampliando e facilitando as discussões em plebiscitos. Dentre outras.

Está claro, pouco mais de um mês do governo interino e de 3 anos de pedidos de mudanças, que a saída é uma só – por baixo, pelo povo.

[1] Este é um texto que discute bem a diferença entre as Teorias Democráticas e apresenta bem três desses autores:

PEREIRA, Natasha Bachini. Representação e Democracia: algumas possibilidades de participação nas democracias contemporâneas. Aurora: revista de arte, mídia e política, São Paulo, v.8, n.24, p. 32-51, out.2015. Disponível em: <http://goo.gl/r5oR8l>. Acesso em 15 mai. 2016

*Membro do Comitê Executivo da Cátedra Gestão de Cidades, Mestre em Administração (UMESP – Universidade Metodista de São Paulo), especialista em Educação (UMESP), graduado em Administração com ênfase em finanças e marketing (Centro Universitário Fundação Santo André) e professor em Educação a Distância na Universidade Metodista de São Paulo. Também é professor no curso de Especialização MPA – Master in Public Administration, da UMESP.

Ouvir estrelas, o poder ou as novas gerações…?!

Autor: Luiz Roberto Alves*

No Brasil, os processos sociais comumente entendidos como “políticos”, “religiosos” ou de “orientação de comportamento”, revelam uma sentida ausência: as crianças, os adolescentes e os jovens. Ficam tolhidos da fala e da escritura aqueles e aquelas a quem a legislação garante o direito e exige a obrigação de receberem educação formal, especialmente entre 4 e 17 anos de idade. Chamados para gincanas, concursos, manifestações, competições e lições, via de regra não são ouvidos, mas envolvidos. Algumas de suas posturas radicais confirmam a regra histórica.

Reconhecidos no mundo há não muito tempo como sujeitos sociais – pois antes eram miniaturas a serem moldadas pela sociedade adulta – em torno deles se formata a invisibilidade e o silêncio. Não lhes cabe ser cidadãos, cujo gesto e cuja palavra determinem, também, o destino do território social. Quando as câmeras e microfones os captam, gesto e palavra ecoam as significações adultas. São carregados pelo mundo adulto. Também é adulto o mundo das câmeras e microfones, que usam os registros de fala e de imagem dos seus donos e dirigentes. A mídia, via de regra, não sabe compartilhar. Quanto intui o que seja, descarta. O domínio reproduz hábitos…

Trata-se da invisibilidade e do silêncio reais, travestidos de generosidade, proteção e direitos supostos. A fronteira que demarca esses territórios é racionalizada por falas poderosas sobre “inexperiência, pouco aprendizado e despreparo”. Define-se, pois, o mundo da falta e dos vazios, apoiado por influentes filosofias da educação. Ou por mera ideologia de mando. Enfim, o mundo dos atos sociais que condicionam a educação, a saúde, a cultura, os esportes e o trabalho, não considera a ante-sala da vida social, que é o lugar dessa numerosa gente em formação/deformação.

Cabe o direito de argumentar como de rotina: e daí? Não poderia ser diferente, pois viraria uma bagunça, como ocorre com suas ações quando eles e elas são organizadores. Qual bagunça? Aquela espontânea (comparada com as “ordens” dos experientes!) ou a programada pelos movimentos de poder: cruel, longa e destruidora, quase cotidiana?

Qualquer citação ou exemplo é perigoso, pois estimula respostas pelos seus aparentes contrários, os famosos exemplos do senso comum. Ao fim e ao cabo, tudo se harmoniza na “racionalidade” dos que sabem, ensinam, orientam, ordenam, decidem.

No entanto, o mundo dos experientes mal percebe que sufoca gestos e palavras porque já não dispõe de repertórios para descodificar as linguagens inovadoras desses milhões de pretensos cidadãos, crianças, adolescentes e jovens. Seus novos códigos poderiam ser ponteiros do futuro, se necessariamente separados dos jargões das posições de mando social, dos xingamentos como modo de pensar e do senso comum da linguagem vulgar e irresponsável. Nesse quadro se inscreve uma triste realidade: o ato escolar de ensinar se torna precário e, em consequência, praticamente impossível o ato de educar socialmente. Não se educa no vazio ou sem a participação social. Nossos filhos e netos também o são da sociedade.

A beleza das narrativas, fictícias ou documentais, o mistério dos encontros e desencontros humanos, a descrição das naturezas e das culturas andam meio-mortas na enxurrada verbal/imagética e na tagarelice interindividual e midiática. As comportas não param de se romper e inundam os lugares da cidadania. Desastres ecológico-culturais.

 Não basta ler livros e fazer lições. Cabe ler palavra e mundo a partir dos corpos, da experiência que aprende e apreende no diálogo entre gerações. Aí o mundo adulto se refaz e o novo se expande e autonomiza.

O novo não pode nascer da repetição massificadora! Tampouco de sua aceitação na inteligência individual! Ou da inculcação de palavras de ordem!

A despeito das contradições dos poderes, pequenos ou grandes, não cabe duvidar de que as novas gerações são amadas. Entendido o verbo amar como infinitivo, como sugeriu Mário de Andrade, ele terá de forjar novas linguagens conectivas. Conjugar-se fora dos jargões e da vulgaridade político-social. Para tanto, as tagarelices mandonas deverão refluir para que ouçamos novas vozes e novos sentidos. As vozes estão próximas. Seus sujeitos também. Quem tiver ouvidos de ouvir, escute.

*Membro do Comitê Executivo da Cátedra Gestão de Cidades. Professor e pesquisador junto ao Programa de Pós-Graduação em Administração – FAE/Metodista. Professor e pesquisador aposentado da Escola de Comunicações e Artes da USP. Livre-Docente em Políticas Públicas de Comunicação e Educação pela ECA-USP. Autor de livros e artigos sobre educação, cultura, comunicação e gestão de políticas. Secretário de Educação e Cultura dos municípios de São Bernardo do Campo e Mauá (1989-1992 e 2001-2003). Assessor de movimentos sociais na área metropolitana para temas de educação, cultura e comunicação social. 

A proteção constitucional aos vulneráveis no direito brasileiro

Autoras: Maria Cristina Teixeira* e Marília Della Côrte Peduto

A Constituição Brasileira, em seu art. 3º estabelece objetivos fundamentais que revelam a noção de justiça social presente em nosso ordenamento jurídico. Dentre estes destacamos a redução das desigualdades sociais e regionais, que nos remete ao direito à igualdade, que constitui um dos pilares estruturais das normas jurídicas de nosso ordenamento, que deve ser compreendidos, também, a partir dos aspectos materiais de seu exercício, ou seja, sem que se desprezem, os critérios de proporcionalidade e  equidade que direcionam a aplicabilidade dos direitos fundamentais e trazem, de modo explícito a proteção de certos grupos, que decorre de uma análise da realidade histórica de marginalização social ou de hipossuficiência diversas, as situações de vulnerabilidade social. Os grupos vulneráveis identificados neste artigo são as crianças e adolescentes em situação de risco e as pessoas com deficiência, embora o Texto Constitucional, ao tratar desta questão tenha disciplinado outras situações igualmente importantes, no que se refere à proteção do Estado para nosso progresso e justiça sociais.

No que se refere à proteção das crianças e adolescentes, destacamos que o Estado possui deveres com relação à educação básica obrigatória e gratuita, ou seja, deve necessariamente assegurar, o ensino, através de políticas públicas específicas nas diferentes esferas político-administrativas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). O Texto Constitucional demonstra, ainda, preocupação em não permitir o trabalho infantil, e ainda, garante às pessoas entre 14 e 16 a condição de menor aprendiz, evitando-se assim sua exploração, bem como estabelece normas claras para a proteção daqueles (as) que se encontrarem em situação de risco. Estas situações são previstas na Lei 8069/90, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), recentemente alterado pela Lei 13257/16, que estabelece políticas públicas para a primeira infância, que devem, conforme estabelecido em seu art. 4º: atender ao interesse superior da criança e à sua condição de sujeito de direitos e de cidadã; incluir a participação da criança na definição das ações que lhe digam respeito, em conformidade com suas características etárias e de desenvolvimento; respeitar a individualidade e os ritmos de desenvolvimento das crianças e valorizar a diversidade da infância brasileira, assim como as diferenças entre as crianças em seus contextos sociais e culturais; reduzir as desigualdades no acesso aos bens e serviços que atendam aos direitos da criança na primeira infância, priorizando o investimento público na promoção da justiça social, da equidade e da inclusão sem discriminação da criança; articular as dimensões ética, humanista e política da criança cidadã com as evidências científicas e a prática profissional no atendimento da primeira infância; adotar abordagem participativa, envolvendo a sociedade, por meio de suas organizações representativas, os profissionais, os pais e as crianças, no aprimoramento da qualidade das ações e na garantia da oferta dos serviços; articular as ações setoriais com vistas ao atendimento integral e integrado; descentralizar as ações entre os entes da Federação e promover a formação da cultura de proteção e promoção da criança, com apoio dos meios de comunicação social.

De extrema importância foi a incorporação da doutrina de proteção integral com absoluta prioridade às crianças e adolescentes, impondo uma responsabilidade conjunta da família, da sociedade e do Estado para garantia dos direitos de crianças e adolescentes. Trata-se de responsabilidade solidária, na medida que cada um, atuando nas dimensões pertinentes, realizarão a proteção e promoção de todos os direitos para crianças e adolescentes, cabendo aos pais à criação e educação dos filhos menores, sendo considerado crime seu abandono material aos menores. Outra questão importante é a inimputabilidade penal aos menores de dezoito anos que, devido à natureza jurídica de clausula pétrea, por se tratar de direito fundamental individual, não pode ser alterada.

Com relação às pessoas com deficiência, a Constituição traz que é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, cuidarem da saúde, da assistência pública, da proteção e garantia das pessoas com deficiência. Porém, competem concorrentemente os Entes Federados para legislar sobre a proteção e integração social das pessoas com deficiência. Ademais, o Texto Constitucional garante as pessoas com deficiência, a assistência à saúde, atendimento educacional especializado, bem como a criação de programas de prevenção e atendimento às pessoas com deficiência, sua integração social, por meio de treinamento para o trabalho e a facilitação de acesso aos bens e serviços coletivos, eliminando as barreiras arquitetônicas. E, por fim, assegura-se que o Estado criará programas de prevenção e atendimento às pessoas com deficiência, bem como sua integração social, por meio de treinamento para o trabalho e a facilitação de acesso aos bens e serviços coletivos, eliminando as barreiras arquitetônicas. Ademais, a lei regulamentará sobre a construção de logradouros e edifícios de uso público e a fabricação de veículos coletivos para que o acesso às pessoas com deficiência esteja garantido. Ainda em relação à proteção deste segmento de nossa população convém ressaltar a vigência, desde 2015, da lei 13146/2015, o Estatuto das Pessoas com Deficiência.

*Membro do Comitê Executivo da Cátedra Gestão de Cidades, cursou graduação (1986) e mestrado em Direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2006). É professora dos Cursos de Direito e Gestão Pública da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL). Tem experiência na área de Direito Público, com ênfase em Direito Constitucional, Administrativo e Educacional.

Cátedras da Metodista promovem colóquio de pesquisa do Programa de Pós-Doutoramento

A Universidade Metodista de São Paulo promove no dia 5 de abril de 2016, às 8h30, no Auditório do Edifício Capa, o Colóquio de Pesquisa do Programa de Pós-doutoramento das Cátedras Unesco-UMESP e Gestão de Cidades 2016.

Acesse o link para mais informações: Colóquio de Pesquisa do Programa de Pós-doutoramento das Cátedras Unesco-UMESP e Gestão de Cidades 2016.

 

Construindo pontes

Autor: Anderson Saber Campos*

O Papa Francisco disse recentemente: “Uma pessoa que pensa apenas em construir muros, onde quer que seja, e não em construir pontes, não é um cristão”. Sem se apegar ao caráter religioso da sentença, podemos ser pragmáticos e interpretar o conceito para nossa vida em sociedade.

Dificilmente seremos uma sociedade homogênea em termos de pensamento e crenças, a diversidade é a fonte do nosso progresso intelectual e social. Imagine se Nicolau Copérnico não discordasse da crença da sociedade européia vigente na idade média que o planeta Terra era o centro do universo ou se ainda aceitássemos a escravidão como um princípio natural.

É natural que nos aproximemos de pessoas e grupos com quem temos afinidades de valores morais e crenças. Agrupados nossa opinião passa ter mais visibilidade e peso no processo democrático. Entretanto a forma como demonstramos nossas divergências e defendemos nossas posições em uma democracia é muito relevante, pois quando saímos do campo da razão e entramos no campo da paixão, não há diálogo proveitoso.

As manifestações recentes favoráveis e contrárias ao governo ilustram bem esse processo. Ambos os lados agregam pensamentos e posições contrárias sobre o que seria melhor para a sociedade. Tenho certeza que mesmo dentro de cada lado, não há consenso, ou seja, há incalculáveis sugestões de como o país deveria ser conduzido.

Entretanto como sociedade baseada em valores morais e que prega o respeito à lei, não vejo como possamos ser contra a apuração de transgressões cometidas por quem quer que seja. Se nossos representantes políticos não se comportam como deviam, substitua os representantes e mantenha suas convicções.

Em suma, paixões exacerbadas criam “muros” que impossibilitam a busca de consensos temporários e possíveis que atendam às necessidades da sociedade. O diálogo baseado na razão e nos interesses sinceramente declarados podem construir “pontes” para o futuro.

*Membro do Comitê Executivo da Cátedra Gestão de Cidades, possui graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Itajubá (1994), mestrado em Administração de Empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2007) e doutorado em Administração de Empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2011). Atualmente é professor da Universidade Metodista de São Paulo.

Dia Internacional da Mulher

Autora: Margarida Ribeiro*

Oportunidade de trazer à memória a história do Dia Internacional da Mulher. Convidamos à leitura da poesia “O fio da história” de Luiz Carlos Ramos
Edemir Antunes Filho.

“Lá estavam elas, ao som dos teares, tecendo com fio lilás os tecidos que deveriam vestir e aquecer outros corpos — roupas que elas mesmas jamais vestiriam.

Já próximas ao limite de suas forças, exaustas pelas 16 horas de lida diária, as operárias ainda encontravam ânimo para socorrer companheiras que se esvaiam tuberculosas; para saudar crianças recém-nascidas que saltavam pra dentro da vida ali mesmo, sob os teares; e para chorar as envelhecidas jovens que aos 30 anos agonizavam em seus postos e se despediam de sua breve vida.

Entretanto, embaladas pelo ritmo das máquinas, e, com o colo molhado pelas lágrimas, gestavam sonhos de esperança: salários dignos, melhores condições de saúde, jornada de trabalho que lhes permitisse abraçar mais longamente suas crianças, beijar mais ternamente seus maridos e saborear um pouco mais a comunhão à mesa na simplicidade dos seus lares.

Contagiadas por esse sonho, foram compartilhá-lo com o patrão. Mas o patrão, indignado com tamanho absurdo, julgou ser este um caso de polícia e resolveu transformar aquele sonho divino em um pesadelo infernal.

No dia 8 de março de 1857, as portas da fábrica Cotton de Nova York foram trancadas e o edifício transformado em um grande crematório onde 129 mulheres foram sacrificadas.

Mas… a fumaça daquele holocausto espalhou-se por todo lugar levando consigo o sonho daquelas mulheres, contagiando e sensibilizando pessoas em todo o mundo que se encarregaram de tornar realidade aquele ideal.

Mártires cremadas, fios lilases, gestantes de um mundo melhor, inspiraram Clara Zetkin, a propor, durante o Congresso Internacional de Mulheres, realizado na Noruega em 1910,  a instituição do Dia Internacional da Mulher.

Desde então, a cada 8 de março, mulheres e homens reafirmam sua tarefa como tecelãs e tecelões de uma nova História.”

Dia 8 de março, oportunidade de reafirmar o compromisso pela vida! Oportunidade de renovar as forças na luta pela justiça!      

Que as mulheres não sejam violentadas, espancadas,  que não sejam negados os seus direitos e que novas vozes possam ecoar dizendo “Não à violência” e “Sim à vida!”

Que estas vozes e ações em prol da vida e da justiça não se ergam meramente neste dia, mas em todo o tempo!

*Membro do Comitê Executivo da Cátedra Gestão de Cidades, doutora (2008) e Mestre (2003) em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo. Graduada em Teologia pela Faculdade de Teologia da Igreja Metodista (1989). Licenciatura plena em Filosofia pela Unijuí (1995).

Construção de uma cultura de paz no ambiente escolar

No dia 29 de fevereiro de 2016 aconteceu o encontro das Promotorias da Infância e da Juventude do programa “Parceria na construção de uma cultura de paz no ambiente escolar”, que reúne os diversos atores sociais responsáveis pelas políticas públicas no campo infanto-juvenil em São Bernardo do Campo visando a redução dos índices de violência escolar no município.

A Cátedra Gestão de Cidades é parceira de várias organizações públicas nesse processo de trabalho com a Infância e Juventude: Ministério Público, Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, Secretaria Municipal de São Bernardo do Campo, Conselhos Tutelares de SBC, Política Militar, Secretaria de Desenvolvimento Social de São Bernardo do Campo e outros parceiros ligados ao trabalho com a questão da Criança e Adolescente.

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VI Colóquio – Qualidade dos Serviços Públicos: Saúde Pública

A Cátedra Celso Daniel Gestão de Cidades, em parceria com o Núcleo de Formação Cidadã, promove o VI Colóquio Cátedra Gestão de Cidades, com o tema “Qualidade dos serviços públicos: Saúde Pública”.

O evento, que será realizado nos campi Rudge Ramos e Planalto, é aberto ao público, não havendo necessidade de inscrição. Os participantes receberão certificado.

Horário: 19h30 às 21h20

  • Dia 08/03 Campus Rudge Ramos – Auditório Sigma
  • Dia 09/03 – Campus Planalto – Auditório
  • Dia 10/03 – Campus Rudge Ramos – Auditório Sigma

Saiba mais sobre o tema:
“A saúde é direito de todos e dever do Estado…” (Artº 196 da Constituição Federal). O acesso à saúde é um direito universal, apregoa a ONU. Interesse econômicos, mais presentes em grandes grupos de assistência médica e em corporações da indústria farmacêutica, conflitam com os interesses das populações. Trava-se um embate entre o Estado, responsável pela saúde pública e os grupos de assistência médica e indústria farmacêutica pela privatização, resvalando-se os interesses econômicos destes com as necessidades da população. Qual será o futuro da saúde, em seu município, país e no mundo?

VI Colóquio copy