Quando não se tem agenda só se pode seguir em frente

Autor: João Gremmelmaier Candido*

A crise institucional que o Brasil atravessa faz pensar que a destituição da presidenta, como conclamava as elites midiáticas e econômicas se resolveria em um piscar de olhos assim que o vice-presidente interino assumisse a presidência de vez. Ou, ao menos, isso é que se fez acreditar no discurso para que o impeachment fosse propagado pelo país única saída institucional possível.

A falha de discurso foi (e continua sendo) na falta de uma solução concreta para a crise institucional e econômica. Os planos-discursos que foram vendidos continuam no plano-discurso. Desde o início da crise brasileira (e, por que não, o que a motivou também) os governantes têm falhado em apresentar uma agenda de soluções concretas, com datas e ações planejadas, com orçamento e responsáveis, para resolver as situações que se apresentam.

No plano político já passou o tempo de convocar-se um plebiscito para consulta sobre a vontade de se realizar a tão necessária Reforma Política, tida em todos os meios sérios (jornalísticos, acadêmicos, familiares, rodas de samba, esquinas, metros, bancos de praça) como única solução para que possamos enfim rever a forma de se fazer política (e políticos profissionais).

No plano econômico já passou o tempo de decidir se o Brasil é ou não um país de commodities ou se está na hora de efetivamente realizarmos investimentos públicos e privados em busca da tão sonhada tecnologia nacional que nos permita competir internacionalmente com produtos que contenham valor agregado.

No plano institucional já passou o tempo de entender que o coletivo é feito por minorias tanto quanto por maiorias e que um não é maior que o outro, mas que um é sim mais fraco e precisa ser protegido do outro, logo, ser sim institucionalmente protegido e incentivado da forma como for possível.

Estamos diante de um evento potencialmente calamitoso para as cidades, onde as Eleições municipais de 2016 tem potencial para consolidar e construir políticas públicas de integração social e solidária ou de enterrar o brasileiro um contra o outro na lama a depender do que este eleja como seu representante para as prefeituras e vereanças dos 5.570 municípios. É um pensamento de esperança e confiança no bom-senso até a última hora. Sigamos. E sigamos atrás de uma Constituinte para a Reforma Política. E sigamos atrás das agendas que não são postas. E sigamos atrás da luta que começa agora. E sigamos.

*Membro do Comitê Executivo da Cátedra Gestão de Cidades, Mestre em Administração (UMESP – Universidade Metodista de São Paulo), especialista em Educação (UMESP), graduado em Administração com ênfase em finanças e marketing (Centro Universitário Fundação Santo André) e professor em Educação a Distância na Universidade Metodista de São Paulo. Também é professor no curso de Especialização MPA – Master in Public Administration, da UMESP.