Ad Corpora: tudo se move
02-08-2011
Entender a comunicação social como o inequívoco suporte da cultura das organizações leva, de imediato, ao encontro dos saberes administrativos. Dentro deles, o conhecimento dos campos abrangidos pela área. Criar um blog como um processo de conexões a favor da área e como suporte de projetos comuns de pesquisa e ensino qualifica a ação de pesquisadores e docentes. A despeito da febre comunicativa contemporânea – que dissemina um mundo de blogueiros capaz de alimentar desde revoluções a crimes – o suporte acadêmico precisa ser visto como algo da velha natureza da universidade, isto é, do seu compromisso em compartilhar, aprender, devolver e ensinar. Melhor ainda quando o suporte é coletivo, orienta-se para um leque de veiculações e representa um conjunto de pensamentos a serviço do comum, do que comunica. Tomara os blogs fossem sempre instrumentos de comunicação que honrassem a etimologia da palavra: o tornar comum, criar comunidade, promover o encontro de pessoas que possuem registro equivalente de linguagem e que, portanto, se entendem, comungam, compartilham.
De certo modo, tal é a natureza da ciência social aplicada, nas inferências que realiza a partir da economia, da sociologia, da ciência política, da psicologia, da antropologia e dos saberes informáticos. Cabe aos estudos de administração e gestão criar um diálogo entre saberes tradicionais e saberes da última hora, mas não no vazio, senão no interior de uma prática social, nos lugares do trabalho humano e de suas experiências. O saber seminal – às vezes entendido como clássico – é indispensável para não sermos levados ao/pelo senso comum, ao repeteco das fórmulas ou aos “cases” apresentados sem crítica. O conhecimento vivido no momento consubstancia os dados, os fenômenos e sua primeira análise, também necessários para questionar o discurso tradicional e exigir dele força de continuidade. No processo dialético – intensamente comunicável – ocorre a fundamentação do saber administrativo, de que decorrem novas experiências, fórmulas temporais válidas, construção de processos de trabalho e verificação de resultados.
Ad Corpora passa a existir para participar dessa cultura administrativa, tão variada quanto o pensar brasileiro sobre os fenômenos da rica experiência social. Enquanto reflete o PPGA-Metodista, alimenta-se das conexões e compartilhamentos. Espera ser comunicação, tornar comum o produto de pesquisas, inserções sociais, atos de ensino e de cumprimento das tarefas indispensáveis da Universidade em tempos plenamente desafiadores e incertos. Deste modo, tornar comum é preciso, comunicar.
Luiz Roberto Alves
Coordenador do PPGA-FAE-Metodista
Pós-Doutorado em Cultura e comunicação, livre Doutor em Letras (USP), Livre Docente em Política Cultural (USP), Mestre em Teoria Literária e Graduado em Pedagogia e Letras.
Linha de Pesquisa: Gestão de Pessoas e Organizações.