As crianças indígenas em movimento no cotidiano das ruas da cidade: entre o trabalho e a cultura lúdica
Resumo
O objetivo deste texto é “conhecer a vida cotidiana das crianças indígenas que circulam pelas ruas e praças da cidade de Chapecó/SC, com seus pais, buscando problematizar as circunstâncias, contradições e condições objetivas que se travam no âmbito da venda de artesanatos diversos (filtro dos sonhos, chá de marcela, enfeites para o corpo) e na construção da cultura lúdica (jogos e brincadeiras) das crianças, tanto no limiar das ruas da cidade quanto nos espaços das aldeias. Aliado a esse conteúdo cultural (cultura lúdica), procuramos apreender as representações sobre o trabalho para os povos indígenas e suas crianças. No que se refere à abordagem metodológica, tomamos como inspiração, de forma introdutória, alguns pressupostos da “etnografia com crianças de rua”, a partir do estudo intitulado “Vozes do meio fio”. O trabalho de campo foi realizado com entrevistas com as crianças, pais e professores, lideranças indígenas e um Procurador da República em Chapecó, responsável pelas questões indígenas, entre outros. As “conclusões provisórias” a que chegamos apontam para as seguintes questões: que o trabalho das crianças, assim como dos adultos, baseia-se na perspectiva de práticas solidárias e coletivas e, por esse motivo, não se constitui em uma exploração do trabalho infantil. Quanto aos jogos e brincadeiras que constituem a cultura lúdica, percebemos a diferença entre brincar na rua e brincar na aldeia. O brincar na rua é feito de forma velada e de difícil observação, uma vez que elas brincam apenas entre si e sem contato com outras crianças brancas. Tanto o trabalho/ajuda quanto a cultura lúdica são construídos tendo como “pano de fundo” a violência e os maus-tratos contra as crianças.
Palavras-chave
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PDFDOI: https://doi.org/10.15603/2176-1043/el.v19n2p63-100
ISSN IMPRESSO: 1415-9902
ISSN ELETRÔNICO: 2176-1043
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