O sensacionismo de Fernando Pessoa em diálogo com a análise religiosa da arte de Paul Tillich
Resumo
O presente artigo desenvolve uma análise do Sensacionismo da estética modernista do poeta Fernando (António Nogueira) Pessoa (Portugal, 1888-1935) em diálogo com a teologia da arte de Paul Tillich (1886-1965). O objetivo do mesmo é definir a relação entre religião e literatura na modernidade como problema investigativo para uma abordagem do Sensacionismo como ideia central da poética pessoana e chave de compreensão de sua proposta teórica modernista. Na condição de projeto estético, o Sensacionismo representou a essência do modernismo português em sua primeira geração, tomando a sensação como categoria determinante para a poética, a compreensão e a expressão da condição humana. Desse modo, o Sensacionismo fornecia a Pessoa uma compreensão hermenêutica da arte intrinsecamente vinculada à vida. A problemática da investigação, por sua vez, investe na identificação e na análise do significado existencial-religioso do modernismo de Pessoa. Para tal, em um primeiro momento, situaremos a relação entre religião e arte na filosofia da cultura e da religião de Paul Tillich, destacando a compreensão hermenêutica de ambas a partir desse quadro conceitual. Em um segundo momento, definiremos o Sensacionismo como o conjunto dos pressupostos teóricos que nortearam a produção literária de Fernando Pessoa, a partir de seu Manifesto Sensacionista, bem como de um conjunto de poemas heteronímicos. Por fim, identificaremos, em torno da compreensão hermenêutica da arte, o potencial analítico da obra pessoana na perspectiva da teologia da arte de Paul Tillich.
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DOI: https://doi.org/10.15603/2176-1078/er.v34n3p135-152
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