O demoníaco, as representações do mal, os sistemas de acusação e de inquisição no protestantismo histórico brasileiro
Resumo
Os protestantes históricos brasileirossempre deram pouca atenção às representações do demoníaco e do malem sua retórica.Porém, no final do século XX, o seu discurso sobre o demoníaco não era mais o mesmo. Os motivos para tal mudança são vários e vão desde o surgimento de novos movimentos religiosos, a explosão pentecostal, o pluralismo, a competição no campo religioso, o avanço do processo de secularização, até o utilitarista da cultura moderna. Foi assim que o demoníaco se tornou um tema mais freqüente em sua retóricado que antes. Essa objetivação do demoníaco ficou mais fácil de ser percebida na retórica posterior as crises políticas e econômicas a partir dos anos 30. Principalmente por causa da erupção de uma mentalidade autoritária desencadeada e aproveitada pelo golpe militar de 1964. Intensificou-se nesse período a tendência de associar o demoníaco com as estruturas econômicas, políticas e religiosas. Houve, também, um aprofundamento da tendência de relacionar o demoníaco com coisas como o materialismo, secularismo, comunismo, catolicismo, corrosão da teologia ortodoxa, ameaça cultural às regras de pureza e moralidade, aproximação ecumênica com outras religiões ou a abordagem crítica da Bíblia por leigos e pastores. Ao lado dessa crescente dificuldade retórica de se falar sobre o Diabo de uma forma tradicional e indireta, aumentou-se a presença do demoníaco no discurso pentecostal. Na articulação desse novo discurso, os neopentecostais levaram vantagem pois foram eles que melhor descobriram os meios de instrumentalizar a demonologia que sempre esteve presente na religiosidade popular brasileira.
Palavras-chave
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PDFDOI: https://doi.org/10.15603/2176-1078/er.v21n33p59-107
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