De ópio a Prozac: desejo, ilusões e religião na globalidade
Resumo
Este artigo tem como objetivo principal analisar o papel que a religião cumpre nas sociedades ocidentais contemporâneas. O ponto de partida é a concepção freudiana da religião, que a considera como uma ilusão, uma neurose coletiva que tem sua origem nas dificuldades psíquicas do ser humano para enfrentar o sofrimento e a infelicidade, e que coloca o indivíduo em uma atitude infantil. As grandes transformações vividas desde os tempos de Freud outorgaram um papel preponderante à tecnologia, que impôs sua racionalidade. O regime capitalista neoliberal tecnologizado que hoje impera, impõe como fim a ganância, a expansão ilimitada dos mercados, o consumo e o trabalho. Isso converte o ser humano em objeto e não em sujeito de sua história. Nestas condições, o vazio e a insatisfação tendem a se generalizar. É a partir daí que os impulsos de recriar as ilusões religiosas encontram sustentação nas sociedades atuais. No lugar de aceitar a realidade e assumir uma atitude adulta e madura, se busca um pai, um amo, um Deus. A diferença é que agora se vivem as religiões de maneira mais "light" e o compromisso com as crenças e vivências está menos intenso. Tal separação em relação às formas de vida tem facilitado a globalização das religiões.
Palavras-chave
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PDFDOI: https://doi.org/10.15603/2176-1078/er.v21n32p147-165
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