A representação da ciência no Science Vlogs Brasil: uma análise de canais de divulgação científica
Resumo
Neste artigo, analisamos cinco canais de divulgação científica no YouTube Brasil, parceiros do coletivo Science Vlogs Brasil, buscando identificar a representação da ciência em seus vídeos mais visualizados a partir de uma análise qualitativa. Percebeu-se que os canais tendem a reforçar a representação social da ciência hegemônica, marcada pelo destaque às Ciências Exatas e Naturais, especialmente às temáticas do Universo, ao enfoque da atividade científica como algo que traz a certeza (e poucas dúvidas ou incertezas), além de retratar o cientista como homem. Apesar disso, também foram registradas características da ciência que fogem à essa representação tradicional, a exemplo da menção a controvérsias que envolvem a comunidade científica – em especial no Canal do Pirula. Essa dualidade reflete o processo dinâmico das representações sociais, identificado por Moscovici e Abric.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFReferências
ABRIC, J. Central system, peripheral system: their functions and roles in the dynamics of social representations. Papers on social representations, v. 2, p. 75-78, 1993.
ABRIC, J. Metodología de recolección de las representaciones sociales. In: ABRIC, Jean-Claude (Org.). Prácticas sociales y representaciones. México: Presses Universitaires de France, Ediciones Covoacén, 2001, p. 53-74.
ALBERGUINI, A. A ciência nos telejornais brasileiros. 300f. Tese (Doutorado em Comunicação Social) – Universidade Metodista de São Paulo, São Paulo, 2007.
ARBOLEDA CASTRILLÓN, T. et al. Ciencia y tecnología en los telediarios colombianos: sobre lo que se cubre y no se cubre. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências. v. 17, n. 1, p. 208-229, 2015.
BONIN, J. Revisitando os bastidores da pesquisa: práticas metodológicas na construção de um objeto de investigação. In: MALDONADO, E. et al. Metodologias de pesquisa em comunicação: olhares, trilhas e processos. 2a edição. Porto Alegre: Sulina, 2011, p. 19-42.
BORTOLIERO, S. A produção de vídeos científicos pela juventude no YouTube: inquietações e desafios. Mídia & Divulgação Científica – Desafios e Experimentações em meios à Popularização da Ciência. Rio de Janeiro: Ciências e Cognição, 2014, p. 105-113.
CASTRO, S. Representação social de ciência de estudantes do ensino fundamental da rede municipal de Belém. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências e Matemáticas) – Universidade Federal do Pará, Belém, 2004.
CAVENDER, G.; DEUTSCH, S. CSI and moral authority: The police and science. Crime, Media, Culture, v. 3, n. 1, p. 67-81, 2007.
CHAMON, E. Representação social da pesquisa e da atividade científica: um estudo com doutorandos. Estudos de Psicologia, v. 12, n. 1, p. 37Y46, 2007.
CHAMON, E. Representação social da pesquisa pelos doutorandos em ciências exatas. Estudos e Pesquisas em Psicologia, v. 6, n. 2, p. 21-33, 2006.
CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO. Estatísticas. 2017. Disponível em: < http://cnpq.br/estatisticas1>. Acesso em 14 nov 2017.
COSTA, V. Contribuições e limites do paradigma praxiológico para os estudos da comunicação pública da ciência: uma análise do canal Nerdologia. e-Com, v. 9, n. 1, p. 80-95, 2016.
DAL PIAN, L. Aproximações entre Comunicação Pública da Ciência e Entretenimento no YouTube: uma análise do canal Nerdologia. In: XVII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste, 2015, Natal. Anais.... São Paulo: Intercom, 2015, p. 1-15.
DUDO, A. et al. Science on Television in the 21st Century: Recent Trends in Portrayals and Their Contributions to Public Attitudes Toward Science. Communication Research, v. 38, n. 6, p. 754-777, 2010.
EUROPEAN COMMISSION. Science and Technology. 2010. Acesso em 02 fev 2018.
FERRAZ, F. Gêneros da divulgação científica na internet. 186f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
GUTIÉRREZ, S. Las instituciones educativas en la representación social de la ciencia en estudiantes de pregrado. Interamerican Journal of Psychology, v. 43, n. 3, p. 456-465, 2009.
HAYNES, Roslynn. From alchemy to artificial intelligence: Stereotypes of the scientist in Western literature. Public Understanding of Science, v. 12, n. 3, p. 243-253, 2003.
HAYNES, Roslynn. The alchemist in fiction: The master narrative. HYLE—International Journal for Philosophy of Chemistry, v. 12, n. 1, p. 5-29, 2006.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Acesso à internet e à televisão e posse de telefone móvel celular para uso pessoal: 2015. Coordenação de Trabalho e Rendimento. Rio de Janeiro: IBGE, 2016.
LONG, M.; STEINKE, J. The thrill of everyday science: images of science and scientists on children's educational science programmes in the United States. Public Understanding of Science, v. 5, n. 2, p. 101-119, 1996.
MÍDIA DADOS BRASIL. Mídia digital. 2017. Disponível em: . Acesso em 25 abr 2018.
MOSCOVICI, S. La representación social: un concepto perdido. In: El Psicoanálisis, su imagen y su publico. Ed. Huemul, Buenos Aires, 2ed, 1979.
MOSCOVICI, S. Social representations: Essays in social psychology. NYU Press, 2001.
MOSCOVICI, S. The history and actuality of social representations. The psychology of the social, 1998.
NISBET, Matthew; DUDO, Anthony. Entertainment Media Portrayals and Their Effects on the Public Understanding of Science. In: NELSON, Donna J. et al. (Ed.). Hollywood Chemistry: When Science Met Entertainment. American Chemical Society, 2013. p. 241-249.
PEREIRA NETO, A. et al. O paciente informado e os saberes médicos: um estudo de etnografia virtual em comunidades de doentes no Facebook. História, Ciências, Saúde – Manguinhos. Rio de Janeiro, v. 22, 2015, p. 1653-1671.
PÉREZ, Daniel Gil et al. Para uma imagem não deformada do trabalho científico. Ciência & Educação, v. 7, n. 2, p. 125-153, 2001.
PETRUCCI, D.; URE, M. Imagen de la ciencia en alumnos universitarios: una revisión y resultados. Enseñanza de las ciencias: revista de investigación y experiencias didácticas, v. 19, n. 2, p. 217-229, 2001.
RAMALHO, M. A ciência no Jornal Nacional e na Percepção do Público. Tese (Doutorado em Química Biológica) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.
REALE, M. O sabor do saber: divulgação científica em interação no youtube. 165f. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2018.
ROCHA, M. Divulgação científica na internet: um estudo de caso sobre a Ciência Hoje das Crianças On-line. 145f. Dissertação (Mestrado em Ensino em Biociências e Saúde) – Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2015.
RONDELLI, D. A ciência no picadeiro: Uma análise das reportagens sobre ciência no programa Fantástico. 2004. 148f. Dissertação (Mestrado em Comunicação Social) – Universidade Metodista de São Paulo, São Paulo 2004.
SANCHEZ, A.; GRANADO, A.; ANTUNES, J. Rede sociais para cientistas. Lisboa: Nova Escola Doutoral, 2014.
SCIENCE VLOGS BRASIL. O projeto. 2016. Disponível em: < http://scienceblogs.com.br/Sciencevlogs /2016/02/o-projeto/>. Acesso em 25 abr 2018.
SELLTIZ, C. et al. Métodos de pesquisa nas relações sociais. São Paulo: EPU, 1974.
SIQUEIRA, D. Comunicação e ciência: estudo de representações e outros pensamentos sobre mídia. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2008.
STEINKE, Jocelyn. et al. Assessing Media Influences on Middle School-Aged Children's Perceptions of Women in Science Using the Draw-A-Scientist Test (DAST). Science Communication. p. 35-64, 2007.
TAVARES, J. A veiculação, circulação e qualidade das informações sobre ciência nos blogs brasileiros. 163f. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2010.
THINK WITH GOOGLE. Pesquisa Video Viewers 2017: Cinco insights sobre consumo de vídeos no Brasil. Google, 2017.
TONIAZZO, G.; ROSA, C. Autoria e formas de leitura em blogs de divulgação científica. Galáxia, n. 24, 2012.
WHITELEGG, E. et al. (In)visible Witnesses: Investigating gendered representations of scientists, technologists, engineers and mathematicians on UK children’s television. UK Resource Centre for Women in Science, Engineering and Technology, UK, 2008
YOUTUBE. YouTube em números. 2018. Disponível em: . Acesso e 25 abr 2018.
DOI: https://doi.org/10.15603/2175-7755/cs.v43n2p155-187

Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.